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esmeraldo

biografia

Sérvulo Esmeraldo (Crato, 1929 – Fortaleza, 2017) foi um artista plural que explorou ao longo de sua carreira as diversas linguagens plásticas, sendo considerado escultor, gravador, ilustrador e pintor. Em 1957, realizou exposição individual no Museu de Arte Moderna de São Paulo. No mesmo ano ganhou bolsa de estudos do governo francês, residindo no país até 1979. Em Paris, frequenta o ateliê de litogravura da École Nationale des Beaux-Arts e estuda com Johnny Friedlaender. Sérvulo realizou diversas exposições na Europa e no Brasil.

um concreto entre eixos

Fugindo às narrativas tradicionais, Sérvulo Esmeraldo foi um concretista nordestino, nascido no Crato, Ceará, que em São Paulo esteve de passagem, antes de seguir para sua longa estadia em Paris. Durante a pesquisa nos fundos de Sérvulo no IAC, salta aos olhos a quantidade de cartas, referências, fotografias e recortes jornalísticos. Apresentam uma história, escrita em português e francês, sobre um artista que foi cedo para o exterior, mas que nunca abdicou de seu caráter nacional.

Todo esse retrospecto mostra que Sérvulo foi um artista que soube se construir em diversos eixos. Não à toa, é o único nesta exposição cujas matérias de jornal extrapolam o eixo Rio-São Paulo. Em Brasília e em Minas Gerais, Sérvulo recebeu importantes críticas, dedicadas a entender quem era aquele artista de tanto sucesso longe de casa. É a crítica realizada nesses locais e ainda no Rio de Janeiro que vê Sérvulo atualizado em desenhista e escultor, além de gravador.

Nos documentos selecionados para esta exposição temos a oportunidade de conhecer recortes da trajetória de um artista que soube caminhar dentro e fora do eixo e refletir sobre os possíveis impactos desses movimentos na recepção crítica e na forma como o nome de Sérvulo Esmeraldo ficou registrado na história da arte brasileira.

Curadoria e textos críticos: Samara Correia

Eu não me situo como abstracionista. Sou mais um construtivista ou melhor, sinto-me mais como um concretista. De qualquer maneira, devo confessar não estar muito de acordo com esse pensamento que, para mim, é muito limitativo. Por princípio, sou contra esse tipo de lógica. Acho que a arte é sobretudo uma coisa instintiva

“A arte consciente e programada de Sérvulo Esmeraldo”, de Hugo Auler, Texto publicado no Correio Braziliense, Brasília, 1975

Sérvulo Esmeraldo é um artista que pertence à enorme legião dos que, de alguma maneira, tentam continuar o caminho que o abstracionismo geométrico abriu para a arte contemporânea. Ausentes do contexto histórico e das necessidades culturais que criaram a arte geométrica, eles repetem as fórmulas já agora vazias de conteúdo.

“Esmeraldo, um geométrico fora do contexto”, de Jacob Klintowitz, Texto publicado no Jornal da Tarde, São Paulo, 1975

Mas o que nos parece mais observável neste artista brasileiro residente ainda em Paris, saído daqui gravador e que nos retorna multiplicando em desenhista e escultor, o que mais nos interessa nele é sem dúvida esse seu debruçar-se sobre a energia (o corpo em consequência direta), a despeito de aparentemente se poder rotular de geométricos os seus trabalhos. 

“Sérvulo Esmeraldo: da gravura ao tato”, de Aracy Amaral. Texto publicado na Revista Vida das Artes, São Paulo, 1975

Mais recentemente, de uns oito anos para cá, e sem abandonar a obra gravada, Sérvulo passou a incorporar ao seu trabalho novas saídas. Atraído pelas pesquisas cinéticas, como diversos outros artistas latino americanos vivendo em Paris, ele saltou do plano para o espaço

“Esmeraldo do Crato a Paris”, de Roberto Pontual. Texto publicado no Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1976

linha do tempo

Cronologia IAC – eventos selecionados

Começa a frequentar, em Fortaleza,  a Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP) e mantém contato com Inimá de Paula, Antonio Bandeira e Aldemir Martins.

Trabalha na montagem da 1ª Bienal Internacional de São Paulo e passa a residir em São Paulo, onde trabalha como gravador e ilustrador no Correio Paulistano.

Realiza individual no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) e viaja para a Europa com bolsa do governo francês. Em Paris, ele estuda litografia na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts e passa a estudar gravura em metal com Johnny Friedlaender.

Passa a produzir  os primeiros trabalhos cinéticos e esculturas em aço escovado.

Durante esta década, Esmeraldo participou de diversas exposições em Paris, Lyon e Montibéliard, França; Zurique e Genebra, Suíça; Nottingham, Inglaterra; Oregon, Estados Unidos da América. 

Retorna ao Brasil e passa a dedicar-se também à arte pública.

Ao longo das próximas décadas, participa de diversas exposições individuais e coletivas no Brasil e na Europa.

conheça a seleção
de documentos

Você também pode ler as transcrições dos documentos e as legendas críticas feitas pelos curadores.

Em texto anônimo, são destacados os valores das obras de Sérvulo em exposição realizada em São Paulo. O elogio ao artista segue com foco em suas qualidades técnicas, em especial como gravador, não abordando as novas produções de Sérvulo que já atuava de forma consistente com esculturas.


Título

Um exemplo da boa técnica, tão desprestigiada


Data

1975

Nº de ordem IAC

12302

Tipo

Notícia

Autoria

Não identificada


O crítico João de Almada elogia as qualidades técnicas de Sérvulo Esmeraldo como gravador, contudo não traz grandes informações sobre as novas produções do artista, apontando o pouco interesse dos críticos de São Paulo no Sérvulo atualizado, que retorna de Paris não apenas como gravador, mas também escultor.


Título

Sérvulo Esmeraldo, um grafista singular


Data

1975

Nº de ordem IAC

12305

Tipo

Crítica

Autoria

João de Almada


O crítico Jacob Klintowitz faz a mais dura crítica, entre as selecionadas, à exposição de Sérvulo realizada em São Paulo. Klintowitz afirma que Sérvulo está fora de contexto e que as obras do artista podem ser consideradas apenas decorativas. A atitude de Klintowitz contrasta com a ideia de crítica propositiva que temos na atualidade.


Título

Esmeraldo, um geométrico fora do contexto


Data

1975

Nº de ordem IAC

12303

Tipo

Crítica

Autoria

Jacob Klintowitz


Publicado na Revista Veja, o perfil escrito sobre Sérvulo Esmeraldo tenta atrair a atenção dos leitores para exposição por meio de curiosidades sobre o artista. Ganham destaque fatos sobre como Esmeraldo criou os excitáveis, objetos cinéticos, e a longa estadia do artista em Paris. O texto tem foco em apresentar o artista para o grande público.


Título

Auto-exílio


Data

1975

Nº de ordem IAC

12304

Tipo

Perfil

Autoria

não identificada


Com exposição individual em Brasília, Sérvulo Esmeraldo teve finalmente a oportunidade de participar de uma grande entrevista. O crítico Hugo Auler, do jornal Correio Braziliense, deu ao artista a oportunidade de apresentar o próprio ponto de vista sobre o mercado de arte brasileiro, sua produção e temas relativos à arte, apontando as contradições com o que foi apresentado pela crítica de São Paulo.


Título

A arte consciente e programada de Sérvulo Esmeraldo


Data

1975

Nº de ordem IAC

12628

Tipo

Entrevista

Autoria

Hugo Auler


A coluna social traz outro aspecto da passagem de Sérvulo por Brasília, destacando o artista como personalidade e apontando a importância social que foi dada a sua passagem pela capital federal.


Título

Queijos e Vinhos


Data

1975

Nº de ordem IAC

12670

Tipo

Coluna Social

Autoria

Gilberto Amaral


A crítica Celma Alvim traz um perfil detalhado da vida e carreira de Sérvulo Esmeraldo, citando artistas de referência, escolas frequentadas e o percurso que levou Esmeraldo do Crato à Paris.


Título

Sérvulo Esmeraldo: itinerário de um artista


Data

1976

Nº de ordem IAC

12423

Tipo

Perfil

Autoria

Celma Alvim


Márcio Sampaio traça importante paralelo entre a produção de Sérvulo Esmeraldo e Rubem Valentim, ambos artistas do concretismo brasileiro que atuaram fora do eixo Rio-São Paulo.


Título

Rubem Valentim e Sérvulo Esmeraldo em exposição na Grande Galeria


Data

1976

Nº de ordem IAC

12650

Tipo

Crítica

Autoria

Márcio Sampaio


Em texto crítico publicado em revista especializada, Aracy Amaral traça breve, porém completo, perfil artístico de Sérvulo, falando das técnicas utilizadas pelo artista e como cada uma delas impactou a forma artística desenvolvida por ele. Amaral destaca que o artista saiu do Brasil como gravador e retornou desenhista e escultor, sendo assim uma crítica que soube diferenciar o Sérvulo que deixou o país, na década de 1950, daquele que retornava na década de 1970.


Título

Sérvulo Esmeraldo: da gravura ao tato


Data

1975

Nº de ordem IAC

12636

Tipo

Crítica

Autoria

Aracy Amaral


A ida para o exterior não é uma exclusividade de Esmeraldo, Roberto Pontual nos lembra em seu texto de uma série de artistas que deixaram o Brasil após o fim da Segunda Guerra Mundial, sendo essa uma sugestão de pesquisa do crítico para o público. Ao voltar-se para a produção de Sérvulo, Pontual faz uma caminhada pela mesma, evidenciando a passagem de gravador à escultor e lamenta que a exposição realizada pelo artista em São Paulo não tenha ganhado ecos no Rio de Janeiro.


Título

Esmeraldo do Crato a Paris


Data

1976

Nº de ordem IAC

12632

Tipo

Crítica

Autoria

Não identificada


Fotografia de escultura em pexiglas transparente.


Título

sem título


Data

s/d

Nº de ordem IAC

13828

Tipo

filme

Autoria

Sérvulo Esmeraldo


Fotografia de escultura em pexiglas.


Título

sem título


Data

s/d

Nº de ordem IAC

13137

Tipo

obra

Autoria

Sérvulo Esmeraldo


Auto-retrato de Sérvulo Esmeraldo em um espelho. O artista desvia o olhar do espelho com formato de octógono.


Título

sem título


Data

s/d

Nº de ordem IAC

13837

Tipo

autorretrato

Autoria

Sérvulo Esmeraldo