hermelindo
fiaminghi
biografia
Hermelindo Fiaminghi nasceu em São Paulo em 1920. Pintor e desenhista, publicitário, litógrafo e artista gráfico. Aderiu ao Grupo Ruptura e atuou junto aos poetas concretos, desenvolvendo o projeto gráfico de vários poemas. A partir dos anos 1960, passa a nomear sua produção como corluz. Nos anos 1980, permite-se uma maior liberdade em relação à estrutura da tela e do papel e realiza suas séries de desretratos e despaisagens, contudo, sua busca continua a mesma: a luz e a cor como recurso.
fiaminghi: o vento continua
Diante dos papéis conferidos pela historiografia, Waldemar Cordeiro é visto como líder teórico do Grupo Ruptura, uma figura que dominava os holofotes, relegando seus companheiros aos bastidores e oferecendo diretrizes à narrativa do concretismo paulista. A Hermelindo Fiaminghi foi conferido um papel silencioso, que o circunscrevia no ambiente publicitário.
Ao analisar os documentos do Fundo deste artista, vemos essa história se confirmar, porém não sem incômodo, quando confrontados com outros depoimentos. Uma data em especial chama atenção: o falecimento precoce de Cordeiro em 1973, que abre espaço para vozes dos demais integrantes. Outra data significativa é estabelecida pela carta de Fiaminghi, na qual declara seu rompimento com o Ruptura por se sentir um “intruso”, em 1959. Segundo ele, os dogmatismos impostos por Cordeiro levaram-no a se distanciar do grupo para poder rever sua arte.
Essa baliza temporal nos permite observar a produção de Fiaminghi em três momentos: descoberta e adesão ao concretismo; distanciamento, que não pode ser considerado uma separação efetiva, pois Fiaminghi continua a conviver e expor com o grupo, mas que lhe permite mais independência; e após o falecimento de Cordeiro, que, sem ambicionar um papel como novo líder, acaba por elaborar com maior profundidade as questões de sua obra e do movimento como um todo.
Curadoria e textos críticos: Rachel Vallego
“
Arte não se ensina. Propõe-se a percepção das coisas enquanto uma elaboração mediante um trabalho criativo-didático que possibilita a descoberta dos talentos, ou encaminhados a descobrirem-se por si próprios. Cada indivíduo é um “artista” em potencial, bastará que se lhes mostre de maneira concreta a percepção das coisas que estão ao seu redor, no cotidiano, de suas vidas, daí para frente é uma questão de cultura e informação para que se faça melhor arte ou não.”
Diário do Grande ABC. Santo André, São Paulo, 9 de setembro de 1969, Fiaminghi/ entrevista a Enock Sacramento
“
Enfim, em resumo o debate interno não é feito francamente, não é livre, não é construtivo, é autodestrutivo e complexo, tão complexo em seus objetivos práticos que chega a confundir-se dentro do grupo, como confunde-se toda iniciativa dentro das organizações oficiais ou particulares, contra um programa mais amplo”
Carta manuscrita, São Paulo, 30 de junho de 1959, Hermelindo Fiaminghi
“
“Eu preciso criar
uma impressão
para criar uma
expressão
Eu preciso dialogar
com uma impressão
para criar uma expressão
Criou minhas próprias
impressões para criar
outras expressões.
Van Gogh escreve numa
carta à Theo ‘O moinho
não mais existe, mas o
vento continua’.
Pretendo
É uma pintura que se realiza
no espaço, em vários planos
de movimentos em profundidade,
que sai do olho e volta
para o olho.”
Diário de bordo e bordoadas. Registro de ideias coisas poécos e poetextos poexistentes de H. Fiaminghi. c. 1984, Hermelindo Fiaminghi
“
Ocorreu de me tornar pintor repentinamente, por volta de 1948. Conscientizei-me que a pintura era a principal coisa ou profissão que eu poderia almejar. Começou, então, uma luta de consciência comigo mesmo, que durou alguns [anos], para assumir a profissão de pintor. É muito difícil dizer hoje: “profissão de pintor”. Acho que a profissão de pintor é mais a profissão de um cara teimoso e persistente. Não há nenhuma condição de o cara se dizer pintor profissional, viver da pintura. Ela acontece.”
Conscientizei-me que a pintura era a principal coisa ou profissão que eu poderia almejar. Diário de S. Paulo, São Paulo, 9 de junho de 1979, Hermelindo Fiaminghi
linha do tempo
Cronologia IAC – eventos selecionados
Artigo comenta a participação de Fiaminghi e Judith Lauand em exposição na Galeria de Arte das Folhas, enfatizando a atuação de ambos no mercado publicitário como merecedor de respeito por propor uma aproximação e utilização prática das criações artísticas aplicadas ao design industrial. O texto também deixa evidente a contraposição a Waldemar Cordeiro, “todo empenhado em filosofias”.
Título
A que serve o desenho.
Data
24/01/1959
Nº de ordem IAC
28411
Tipo
Crítica
Autoria
não identificada
Carta de Fiaminghi desligando-se do grupo Ruptura devido a discordâncias, especialmente, o “dogmatismo” de Waldemar Cordeiro. Fiaminghi diz sentir-se um intruso no grupo, pois não vê um debate franco e aberto a questões que não partam do líder. Para ele, isso tem afetado sua produção negativamente, de forma que precisa se afastar para poder se reestruturar.
Título
sem título
Data
30/06/1959
Nº de ordem IAC
26278
Tipo
Carta manuscrita
Autoria
Hermelindo Fiaminghi
Artigo comenta a abertura da galeria Novas Tendências, idealizada por doze artistas, em moldes cooperativistas, como espaço de trabalho e de exposições, sem filiações a grupos ou “ismos”, apesar de seus associados serem majoritariamente de tendência construtiva.
Título
Proibido sonhar para muitos artistas.
Data
18/07/1965
Nº de ordem IAC
28408
Tipo
Artigo
Autoria
Heloisa Soares
Entrevista concedida a Enok Sacramento por escrito, na qual comenta sua percepção de que a arte não pode ser ensinada. Cabe ao artista somente encaminhar o indivíduo a descobrir por si próprio, ajudando-o a aflorar sua criatividade. Comenta como o concretismo tem influenciado novas tendências artísticas e como a arte e a tecnologia estão intimamente imbricadas no cotidiano, especialmente por meio da publicidade.
Título
sem título
Data
09/09/1969
Nº de ordem IAC
26280
Tipo
Entrevista
Autoria
Enock Sacramento
Anúncio de abertura da Galeria Ralph Camargo em São Paulo, dedicada exclusivamente à arte contemporânea, especialmente jovens artistas, que tinham maior dificuldade de inserção no circuito comercial da época.
Título
A Arte está morta.
Data
30/10/1972
Nº de ordem IAC
28377
Tipo
Anúncio
Autoria
não identificada
Depoimento de Fiaminghi ao Instituto de Estudos Brasileiros (IEB USP), no qual o artista detalha sua aproximação com o concretismo, o desenvolvimento dos grupos paulista e carioca e seu processo de trabalho. Este depoimento permite observar como o artista esteve engajado com o movimento concreto e sua visão sobre os desdobramentos dos fatos históricos à época.
Título
Depoimento sobre o movimento concreto brasileiro na década de 50.
Data
30/06/1975
Nº de ordem IAC
26269
Tipo
Depoimento
Autoria
Hermelindo Fiaminghi
Nesse pequeno cartão redigido à mão, encontramos uma lista de pigmentos importados, que permite entrever os bastidores da pintura e as cores escolhidas na formação da paleta do pintor.
Título
lista de Pigmentos importados
Data
1978
Nº de ordem IAC
25479
Tipo
Imagem
Autoria
Hermelindo Fiaminghi(?)
Coluna Itinerários, idealizada por Jorge Vasconcellos e Philadelpho Menezes, recebe depoimento de Fiaminghi sobre sua trajetória como artista. Comenta principalmente as diferentes formas de conciliação da pintura com outros trabalhos, como a publicidade, enfatizando especialmente a divisão do tempo. Demonstra encarar a pintura como profissão.
Título
Conscientizei-me que a pintura era a principal coisa ou profissão que eu poderia almejar
Data
09/06/1979
Nº de ordem IAC
26184
Tipo
Coluna
Autoria
Hermelindo Fiaminghi
Poemas e pensamentos redigidos à mão. Esse diário revela o lado criativo de Fiaminghi, seus pensamentos e poesias inspirados pela sua obra.
Título
Diário de bordo e bordoadas. Registro de ideias coisas poécos e poetextos poexistentes de H. Fiaminghi.
Data
c. 1984
Nº de ordem IAC
26238
Tipo
Ensaio
Autoria
Hermelindo Fiaminghi
Nesse depoimento a respeito da Galeria e Associação Novas Tendências, fundada em 1965, o artista comenta abertamente alguns problemas com Waldemar Cordeiro, especialmente sobre não ceder espaço para outras lideranças, mesmo quando não estava no comando. Segundo Fiaminghi, esse seria o caso da NT, da qual Cordeiro rapidamente se desvincula.
Título
Entrevista: Hermelindo Fiaminghi
Data
10/03/1992
Nº de ordem IAC
26201
Tipo
Entrevista
Autoria
Regina Rudge e Otávio Neto
Nessa entrevista à revista Artes, Fiaminghi comenta sua exposição na Galeria São Paulo, de Regina Boni, em 1995, e faz um panorama de suas percepções a respeito da arte no período. Relata ainda exposições do MAM SP, algumas Bienais recentes, a novidade das instalações e sua produção recente.
Título
Hermelindo Fiaminghi: Quarenta anos de cor-luz.
Data
1995
Nº de ordem IAC
27968
Tipo
Entrevista
Autoria
não identificada
Depoimento de Fiaminghi concedido por ocasião da exposição Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Nesse depoimento o artista relata sua trajetória e responde a questões técnicas de sua pintura, influências e ligações com o concretismo.
Título
Depoimentos de Hermelindo Fiaminghi.
Data
15/12/1998
Nº de ordem IAC
26266
Tipo
Depoimento
Autoria
Hermelindo Fiaminghi
Retrato do artista.
Título
sem título
Data
s/d
Nº de ordem IAC
23150
Tipo
Fotografia
Autoria
não identificada
Gravura de Fiaminghi preservada no acervo IAC
Título
sem título
Data
s/d
Nº de ordem IAC
28931
Tipo
Serigrafia a cores
Autoria
Hermelindo Fiaminghi
Gravura de Fiaminghi preservada no acervo IAC
Título
sem título
Data
s/d
Nº de ordem IAC
28993
Tipo
Serigrafia a cores
Autoria
Hermelindo Fiaminghi
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