willys

de castro

biografia

Willys de Castro (1926 – 1988) nasceu em Uberlândia – MG e se mudou para São Paulo em 1941. Artista plástico, expoente dos movimentos Concreto e Neoconcreto, teve atuação múltipla na música, teatro, poesia e programação visual. Com o pintor Hércules Barsotti (​​1914 – 2010), fundou o Estúdio de Projetos Gráficos (1954-1964) e estabeleceu uma relação de parceria que durou até o fim de sua vida. Seus Objetos Ativos questionam a utilização da tela enquanto suporte da linguagem pictórica ao unir a cor da pintura ao relevo da escultura, propondo a movimentação do espectador para a apreciação de toda a extensão da obra.

willys e barsotti: indícios de uma parceria

A pesquisa com fontes primárias permite tanto um escrutinar de detalhes e informações perdidas entre as anotações manuscritas na margem dos documentos, quanto um olhar mais amplo que possibilita perceber ausências e repetições. No caso do Fundo Willys de Castro, o que se pode verificar nessa mirada mais panorâmica é a grande ocorrência de documentos que citam nominalmente o pintor Hércules Barsotti.

Ambos fundaram juntos, em 1954, o Estúdio de Projetos Gráficos, que mantiveram ativamente durante 10 anos, e compartilharam das poéticas concretas, vivendo intensamente os movimentos, conflitos e acomodações no campo das artes em São Paulo e Rio de Janeiro nas décadas de 1950 e 1960. Esses dois fatos justificariam a recorrência do nome de Barsotti nos documentos do Fundo. No entanto, a seleção que propusemos para esta exposição apresenta evidências mais contundentes de que a criação do estúdio é apenas a oficialização de uma parceria que se iniciou antes de 1954 e que não findaria com o fechamento do escritório.

Atualmente, a História da Arte volta seu olhar para essas parcerias no intuito de perceber, não apenas citações, mas um sentido da produção poética que se dá pela e na relação criativa e afetiva. O conjunto de documentos reunidos revelam fatos, dados, acontecimentos e reconhecimentos, muitas vezes institucionais, dessa relação, que foram cuidadosamente recolhidos e arquivados por Willys de Castro.

Curadoria e textos críticos: Lucas A. Oliveira e Vitor Borysow

Dois artistas de alta consciência estética. Não consideram a pintura rotina vocacional em apuro virtuosístico, mas uma energia imanente cujas expressões múltiplas dependem menos do estado de graça bremondiano do que da responsabilidade da pesquisa onímoda, visto estar a arte integrada na cultura e não no milagre”.

Willys de Castro e Hercules Barsotti, de José Geraldo Vieira. Texto publicado na Folha de S. Paulo. São Paulo, 1962.

[…] Willys & Barsotti não deixam notar nada de estranho no atelier […], tudo é obediência a um estilo de artistas-artistas: algum fato tão singular de repensar nos estetas, mais uma vez ingleses, que compunham e ajeitavam a obra e a vida numa síntese de beleza controlada: [Jane] Morris e [Dante Gabriel] Rosseti”.

Willys de Castro e Barsotti, de Pietro Maria Bardi. Texto publicado no jornal Diário de São Paulo, São Paulo, 1967.

Apresentando os trabalhos de Hercules Barsotti, diz Willys de Castro: “seu desenho não se torna algo aplicado em cima de, mas sim uma estrutura expressiva que se situa independentemente sobre o plano e que ao mesmo tempo o qualifica e o molda dentro do rigor e da inventiva.” 

Inauguradas cinco exposições na Galeria de Arte da FOLHA, autoria não identificada. Texto publicado no jornal Folha da Manhã, São Paulo, 1959.

[Willys] Souza Castro, compôs, regeu e gravou os trechos da música dodecafônica que aparecem no desenvolver de ‘O escriturário’, e Hercules Barsotti desenhou os figurinos das personagens”

Bastidores, autoria não identificada. Texto publicado no jornal Última Hora, São Paulo, 1953.

linha do tempo

Cronologia IAC – eventos selecionados

Fez estágios em estúdios de design e iniciou seus desenhos abstrato-geométricos.

Junto com Hércules Barsotti funda o Estúdio de Projetos Gráficos, ativo até 1964.

Participa da IV Bienal de Artes de São Paulo.

Teve a sua primeira exposição individual na Galeria das Folhas, em São Paulo, e inicia a série Objetos Ativos, considerada a maior contribuição do artista para a arte construtiva do Brasil.

Integra a exposição “Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962” na Pinacoteca do Estado de São Paulo e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Participa da mostra “Modernidade: arte brasileira do século XX” no Centre Georges Pompidou, em Paris.

No ano de seu falecimento, Willys de Castro expôs junto com Hércules Barsotti na mostra “Aventuras da Ordem”, organizada pelo Gabinete de Arte Raquel Arnauld.

conheça a seleção
de documentos

Você também pode ler as transcrições dos documentos e as legendas críticas feitas pelos curadores.

O texto informa que Willys ficou encarregado da composição musical e que Barsotti esteve envolvido com os figurinos da peça “O escriturário”, com atores da Escola de Arte Dramática e direção de Luís de Lima. A notícia é o registro de uma parceria artística anterior à abertura do Estúdio de Projetos Gráficos, momento mais comumente citado pela historiografia como o início dos seus trabalhos em conjunto.


Título

Bastidores


Data

1953

Nº de ordem IAC

11149

Tipo

coluna

Autoria

não identificada


Notícia sobre as primeiras exposições individuais de Willys de Castro e Hércules Barsotti, realizadas simultaneamente na Galeria de Arte da Folha. O catálogo, diagramado por Willys, inclui textos de apresentação de cada um dos cinco artistas da mostra conjunta. O artista assina ainda o texto sobre Hércules Barsotti.


Título

Inauguradas 5 exposições na Galeria de Arte da FOLHA


Data

1959

Nº de ordem IAC

8246

Tipo

notícia

Autoria

não identificada


Crítica de Ferreira Gullar à II Exposição Neoconcreta, realizada no Rio de Janeiro, da qual Willys de Castro e Hércules Barsotti participaram com obras.


Título

Diversificação da experiência concreta


Data

1960

Nº de ordem IAC

11277

Tipo

crítica

Autoria

Ferreira Gullar


Artigo de Ferreira Gullar para o Jornal do Brasil. Nele, o autor elogia a passagem de Willys de Castro e Hércules Barsotti pela Petite Galerie. Entre seus argumentos, aponta que um dos aspectos positivos da exposição diz respeito ao “fato de que os dois artistas se mantêm fiéis a uma linguagem rigorosa, limpa e construtiva”.


Título

Uma exposição positiva


Data

1962

Nº de ordem IAC

8527

Tipo

crítica

Autoria

Ferreira Gullar


O crítico faz referência às exposições simultâneas que Willys de Castro e Hércules Barsotti realizam na Petite Galerie, tanto na sede do Rio de Janeiro como de São Paulo. No final da década de 1950 e começo da década de 1960, ambos compartilham a presença de obras nas Bienais Internacionais de São Paulo e nas exposições Neoconcretas .


Título

Willys de Castro e Hércules Barsotti


Data

1962

Nº de ordem IAC

11109

Tipo

crítica

Autoria

José Geraldo Vieira


Catálogo da exposição Coletiva Inaugural 1 na Galeria Novas Tendências. Tanto Willys de Castro como Hércules Barsotti participam da fundação da Associação de Artes Novas Tendências, mas não expõem na mostra inaugural. Participam com o projeto gráfico do catálogo. Os créditos estão registrados no rodapé de uma das abas do folder: projeto willys e barsotti.


Título

Coletiva Inaugural 1


Data

1963

Nº de ordem IAC

8092

Tipo

folder

Autoria

Willys de Castro e Hércules Barsotti


Artigo informando a publicação do ensaio de Pietro Maria Bardi no Mirantes das artes n. 4, sobre Willys de Castro e Hércules Barsotti. O autor compara a dupla com o Lord Brummel, dandy londrino considerado um árbitro da moda do seu tempo, e ao casal Jean Morris e Dante Gabriel Rossetti, “que compunham e ajeitavam a obra e a vida numa síntese de beleza controlada”.


Título

Willys de Castro e Barsotti


Data

1967

Nº de ordem IAC

8113

Tipo

notícia

Autoria

Pietro Maria Bardi


Lista manuscrita com a dedicatória “Ao encorajamento e à inspiração que muito estimularam o meu trabalho, agradeço a”. O artista relaciona 26 nomes de profissionais ligados às artes e indica o ano em que os conheceu. Entre os nomes estão: Sérgio Camargo, Mário Pedrosa, Max Bill e Ferreira Gullar. Ele registra que conheceu Hércules Barsotti em 1952.


Título

s/ título


Data

1971

Nº de ordem IAC

8114

Tipo

lista

Autoria


Carta de Aracy A. Amaral, diretora do MAC-USP (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo), agradecendo Willys de Castro pela doação de uma obra de Hércules Barsotti. A pintura “Branco/Preto”, de 1961, passa a compor o acervo de arte nacional do museu, principalmente vinculado às tendências construtivas.


Título

s/ título


Data

1986

Nº de ordem IAC

8120

Tipo

carta

Autoria

Aracy Amaral


Nesta reportagem, Angélica de Moraes fala sobre a exposição individual de Willys de Castro no Escritório de Arte Sylvio Nery Fonseca e também tece algumas impressões sobre as suas obras a partir do texto crítico de Frederico Morais. O artista era “perfeccionista e autocentrado, não alterava seu ritmo de criação para atender as demandas do mercado”. Outro ponto interessante é que, ao destacar a precedência dos trabalhos, Angélica de Moraes explica que as obras pertencem ao acervo particular do pintor Hércules Barsotti e o cita como “o companheiro de Willys”.


Título

Mercado disputa o raro Willys de Castro


Data

1994

Nº de ordem IAC

21873

Tipo

reportagem

Autoria

Angélica de Moraes


Fotografia de Willys de Castro apoiado em uma parede da Galeria Prestes Maia, sobre a qual estão afixados cartazes do VI Salão Paulista de Arte Moderna. Willys recebeu na exposição o 2o Prêmio “Governo do Estado”.


Título

sem título


Data

1957

Nº de ordem IAC

9347

Tipo

fotografia

Autoria

s/autor


Registro fotográfico da obra Ascenção, do artista Willys de Castro. Pintura, em óleo sobre tela, que apresenta triângulos brancos e azuis, dispostos na parte central da composição sobre fundo vermelho. Um dos triângulos se desprende do conjunto.


Título

Ascenção


Data

1959

Nº de ordem IAC

22884

Tipo

fotografia

Autoria

Willys de Castro


Registro fotográfico de obra da série Objetos Ativos, volume tridimensional e geométrico, com a forma de um cubo perfeito. Apresenta suas faces pintadas de azul, preto e branco. A série começou a ser produzida a partir de 1959, e é considerada a maior contribuição do artista para a arte construtiva brasileira, propondo a movimentação do espectador para a apreciação de toda a extensão da superfície de cor.


Título

Objeto Ativo


Data

1962

Nº de ordem IAC

22930

Tipo

fotografia

Autoria

Willys de Castro


Registro fotográfico da obra Pluriobjeto A6, do artista Willys de Castro. Objeto escultórico composto por vários retângulos de madeira empilhados verticalmente. No centro da peça há um desalinhamento do eixo, que não interfere em seu equilíbrio. Willys produziu a série Pluriobjetos na década de 1980. São esculturas verticais de metal ou madeira, que também trabalham com a lógica do deslocamento do público em torno da obra.


Título

Pluriobjeto A6


Data

1988

Nº de ordem IAC

22840

Tipo

fotografia

Autoria

Willys de Castro