#ARTEMÍDIAMUSEU
O MUSEU Nacional da República recebe e apresenta com alegria a mostra virtual Segue Em Anexo. Esta primeira exposição de arte digital realizada no MUSEU inaugura a parceria com o grupo de pesquisa Academia de Curadoria, laboratório de práticas curatoriais e crítica de arte vinculado à Universidade de Brasília (UnB) e que conta com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP/DF). Este projeto de curadoria compartilhada recebe o nome #ARTEMÍDIAMUSEU e propõe a criação de uma coleção de arte digital viva, ampliada anualmente com novas aquisições, a partir de mostras anuais, sendo a primeira iniciada em dezembro de 2021.
O projeto #ARTEMÍDIAMUSEU se realiza no momento em que o MUSEU completa 15 anos de atuação. O MUSEU Nacional da República é um museu novo, com um acervo em construção e se percebe inserido nas reflexões mais atuais do campo da pesquisa em arte, da cultura visual e da museologia.
Localizado em Brasília e administrado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (SECEC-DF), o MUSEU Nacional da República é uma instituição pública, sem fins lucrativos, a serviço da comunidade e do seu desenvolvimento, com a missão de elevar e revelar, ao maior número de pessoas possível, a arte e a cultura visual contemporânea, com vistas a seu incentivo, à sua difusão e a seu reconhecimento pleno como bem cultural universal.
Pautado pela liberdade de expressão, este MUSEU visa ainda abrigar manifestações culturais que contribuam para a pesquisa e a experimentação das diversas linguagens artísticas e culturais, assim como seu fomento, sua difusão e a facilitação de seu acesso, por meios formativos e informativos ágeis, globais e socioeducativos.
A arte digital está presente no acervo do MUSEU, que já conta com mais de 1.400 obras, em múltiplas técnicas e linguagens artísticas produzidas no Brasil desde meados do século XX até os dias atuais. O projeto #ARTEMÍDIAMUSEU irá ampliar e atualizar este acervo, acompanhando os movimentos de reinvenção do circuito artístico contemporâneo.
Agradecemos a toda equipe da Academia de Curadoria e a generosidade dos artistas Giselle Beiguelman, Vitória Cribb e Bruno Kowalski que participam desta exposição e que doaram obras ao acervo do MUSEU Nacional da República.
Sara Seilert
Diretora
Museu Nacional da República l Brasília
Segue em anexo
Durante o isolamento social que se instalou – e ameaça ainda retornar diante de novas variantes da COVID 19 –, conto com meus dispositivos para estar próxima daqueles que amo, atender demandas de trabalho, atualizar-me dos acontecimentos locais e globais, frequentar eventos culturais em meus momentos de lazer, e, porque não?, satisfazer minhas necessidades afetivas. Meus dias são repletos de mensagens, playlists, fotos enviadas por redes sociais e aplicativos. Porém, essas operações também me custam frequentes estafas mentais, efeitos visuais provocados pelo excesso de tempo perante as telas, picos de ansiedade derivados da conectividade constante. Finalmente, entendo: Eu, Robô.
Corpos ciborguizados por celulares, “um híbrido de carne e conexão”, como escreve Giselle Beiguelman, são nossa natureza atual. Imersos nessa ultraconexão irreversível, real e virtual se misturam. Minha vida online passa a ter a mesma relevância que minha vida offline. Estamos presentes em diversas dimensões ao mesmo tempo, multitarefa exigida pela simultaneidade contemporânea.
Grande parte dessa vida online é preenchida pela nossa presença nas redes sociais, nas quais habitamos nossas bolhas de convívio, absorvendo e produzindo conteúdos que já nos chegam selecionados pelas indicações que nós mesmos apresentamos ao algoritmo. Nelas, somos tanto monitorados pelas corporações transnacionais que as controlam, como atuamos politicamente, nos organizando em grupos com visões de mundo semelhantes. Ainda assim, embora o uso das redes para fins de consumo seja constitutivo de sua própria natureza como negócio, estas permitem também um uso estratégico por parte dos usuários. Servem como instrumento da coletividade para fins de intervenção social – na realidade digital ou presencial.
O uso político das redes sociais mostrou-se particularmente significativo durante o período de isolamento. Presenciamos uma enorme exploração da gratuidade desse recurso como meio de divulgar reivindicações e denunciar abusos. Não menos relevante foi seu uso como plataforma de serviços informais diante de uma realidade de alto índice de desemprego e crise econômica.
No meio cultural, artistas que enfrentavam barreiras para penetrar nos vários sistemas artísticos globais e locais ganharam mais visibilidade pelas redes – muitos deles e delas já vinham divulgando seus trabalhos desse modo, em escala menor. Porém, se em alguns sistemas artísticos, como aquele da arte contemporânea, a pandemia causou paralisia e, num segundo momento, provocou adaptações imediatas (nem sempre adequadas), um outro sistema mostrou-se absolutamente à vontade diante do quadro social que se apresentou. As artes digitais, pouco admitidas no cenário da arte contemporânea, seguiram com suas discussões, oferecendo pautas fundamentais para um cotidiano agora imerso no virtual.
Artistas digitais, acostumades com as operações em rede, encabeçaram o debate sobre os rumos da arte em face do isolamento, inclusive criticando as estruturas digitais estabelecidas e chamando atenção para a desigualdade digital.
Nesse sentido, a ARTEMÍDIAMUSEU, coleção organizada pela Academia de Curadoria para o Museu Nacional da República, foi criada com o objetivo de contribuir para a institucionalização das artes digitais no país que, há pelo menos 60 anos, vêm explorando a realidade digital que permeia nossa contemporaneidade. Projetamos a coleção a partir de critérios como relevância para o debate das artes digitais, importância das obras para o meio local e global e, particularmente, o uso da tecnologia para uma discussão das desigualdades sociais.
Informados pela presença dos vírus que hoje nos inquietam, sugerimos a noção de “vírus benévolo”, entendendo que essa forma de vida é encontrada tanto em sistemas biológicos como digitais e, em ambos os casos, pode ser benéfica se utilizada para fins específicos em ambientes controlados. Como eles, desejamos que o modelo desta coleção contamine outras instituições, ampliando assim a legitimação das artes digitais localmente e contribuindo para o registro institucional de sua história.
“Segue em anexo” é a primeira mostra desta coleção apresentando obras de Giselle Beiguelman, Vitória Cribb e Bruno Kowalski, artistas que reúnem essas diretrizes. Depois destes, outres que compõem o diverso e efervescente campo das artes digitais no Brasil integrarão edições seguintes.
Ana Avelar
Coordenadora Geral
Academia de Curadoria
Ficha Técnica
ACADEMIA DE CURADORIA
Coordenação Geral
Ana Avelar
Curadoria e Pesquisa
Aline Ambrósio
Ana Avelar
Ana Roman
Emily Mayumi
Isaac Guimarães
Laura Rago
Lucas Alameda
Matheus Miranda
Marina Romano
Rachel Vallego
Renata Reis
Thiara Grizilli
Educomunicação
Laura Rago
Marina Romano
Renata Reis
Thiara Grizilli
Expografia Digital
Aline Ambrósio
Emily Mayumi
Isaac Guimarães
Marina Romano
Matheus Miranda
Vinicius Maroli
Design gráfico e animações
Isaac Guimarães
Vinicius Maroli
Museu Nacional da República
BRASÍLIA
Governador do Distrito Federal
Ibaneis Rocha
Vice-governador do Distrito Federal
Paco Britto
Secretário de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal
Bartolomeu Rodrigues
Diretora
Sara Seilert
Marca e comunicação
Marcos Mendes Manente
Gerente administrativo
Henrique Santos Dumont
Acervo
Mariana Morena Pinheiro Reis
Venicio Egidio da Silva
Educativo
Leísa Sasso
Programa Territórios Culturais
Pesquisa e audiovisual
Maíra Rangel
Taís Castro
Administração
Joaquim Augusto de Azevedo
Lívia Solino
Atendimento ao público
Margarida de Castro Paula
Maria da Conceição Machado
Marileusa Barbosa Pires
Marlene Teixeira de Castro
Josué Oliveira
Estagiários
Ana Clara Farias Gulart
Beatriz Gomes Nascimento
Leonardo Makaha Gomes Ferreira
Marcos Vinicius de Souza Oliveira
Monike Cardoso de Sousa
Apoio
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