Bodes do digital

Conversas Replicantes

Ana Roman é membra do Academia de Curadoria. Ana Roman é mestre em Geografia pela FFLCH-USP e doutoranda em Art History and Theory na Universidade de Essex (Reino Unido). Foi curadora, curadora assistente e pesquisadora em diversas mostras realizadas em instituições culturais do país.


Este texto é um relato da Conversa Replicante de 12 de maio de 2022.

Temos discutido como a nossa sensibilidade tem sido afetada pela exacerbação da vida online: provavelmente já há uma mudança em curso relacionada a economia de atenção do mundo 24/7 (24 horas por dia, 7 dias por semana).

A já clássica metáfora de Sevcenko para descrever a passagem do século XX para o XXI como uma montanha-russa parece ter sido reatualizada, pois não estamos mais diante de uma gigante construção em madeira e ferro e de loops que sentimos em nossos corpos. Nossa montanha-russa ergue-se em um second-life online, onde habitam nossos avatares, e onde conseguimos estar presentes em mais de um lugar ao mesmo tempo. A sensação é que compartilhamos um estado de exaustão.

Podemos culpar a vida digital por estes sentimentos? Ou será que o digital é apenas mais um instrumento capturado pelo capital nesta fase contemporânea? Replicam-se dúvidas sobre a possibilidade de culpabilizar um ou outro agente pela nossa situação. Questionamos – e insistimos – na possibilidade de vivermos de outro jeito: de que maneira poderíamos viver experiências mais plenas a partir do mundo digital? Como reconstruir as bases do sensível comum na era da informação?

Referências:
CRARY, Jonathan. 24/7 – Capitalismo tardio e os fins do sono. São Paulo: Cosac Naify, 2014
SEVCENKO, Nicolau. A corrida para o século XXI: no loop da montanha russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001

Padlet da Conversa Replicante