Conversas Replicantes
Renata Reis é membra do Academia de Curadoria. Formanda em Teoria, Crítica e História da Arte na Universidade de Brasília – UnB. Foi curadora das exposições “Athos etc”, 2019, na Fundação Athos Bulcão e da “Te Faço Nascer Livre”, 2019, na CAL/UnB. Na Academia de Curadoria atua principalmente nas áreas de educativo e produção de texto.
Este texto é um relato da Conversa Replicante de 29 de junho de 2022.
A figura do curador surge ao longo do século XIX quando o sistema das artes passa a se complexificar cada vez mais, e entende-se que é possível legitimar o trabalho artístico mesmo quando feito fora das grandes instituições museológicas. O curador deixa de ser um conservador e especialista em coleções para se tornar uma figura multidisciplinar tida por Szeemann como um “fazedor de exposições”.
Mas a profissionalização dessa figura ainda gera dúvidas à medida que os estudos curatoriais no Brasil ainda se baseiam principalmente em experiências estadunidenses e europeias. Assim, o que significa exatamente “fazer uma exposição”? É possível criar uma nova narrativa para trabalhos já existentes? Ou é pensar na melhor disposição das obras em um determinado espaço? Seria uma forma de ilustrar e compartilhar uma pesquisa específica em artes visuais? Pode ser entendida como um ato de mediação também?
Talvez a curadoria seja esse grande trabalho de interpretação, análise e criação de sentidos que acaba se relacionando com as diversas expertises necessárias para colocar uma exposição de arte de pé. Talvez a insistência na categorização e hierarquização dessas diversas áreas vai contra ao próprio processo criativo e plural de curar uma exposição.